Karim Aïnouz; 2019
A Vida Invisível
Rio de Janeiro, anos 1940. As irmãs Eurídice e Guida vivem sob um rígido regime patriarcal. Mesmo tendo um forte elo que as une, elas trilham caminhos distintos.
O filme A Vida Invisível foi o selecionado para representar o Brasil na busca por uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional. Prestes a sair a divulgação da lista dos pré-finalistas, Aïnouz criticou a política cultural do governo Bolsonaro: "Estamos vendo um desmantelamento da indústria cultural. Durante todo o ano, nunca recebemos um e-mail, carta ou telefonema dizendo: 'Olá, você foi ótimo', ou 'estamos tão orgulhosos de você que você ganhou este prêmio'", disse Aïnouz, se referindo ao reconhecimento no Festival de Cannes, quando A Vida Invisível ganhou o principal prêmio da mostra Um Certo Olhar, a segunda de maior importância do festival. "Tudo bem, eu não preciso do reconhecimento de um maldito fascista" (UOL, 2019). No mesmo período, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) proibiu a exibição do filme em um evento de capacitação para seus funcionários. Servidores do órgão revelaram que a exibição foi cancelada após a gestão interna anunciar um problema no projetor da sala de exibição. Entretanto, quando questionado, o funcionário responsável pela manutenção negou problemas na máquina. No mesmo período a Ancine retirou dos corredores de sua sede cartazes dos filmes nacionais em cartaz. Também foram retirados do site da instituição as abas que traziam informações sobre as produções e lançamentos brasileiros. Érico Cazarré, assessor de comunicação do órgão, expressou o seguinte: “Havia muitos pedidos de divulgação, de festivais a eventos e palestras. Se eu fosse botar um filme, teria que ter todos. Depois, informações de distribuidores e produtores, e por aí vai. Por isonomia, optamos por não divulgar mais nada. Se eu tenho um cartaz de um filme aqui, eu tenho que ter de todos. Eu sei que no clima que as coisas andam, as coisas são levadas para outro lado”.
Data de lançamento
31/10/2019
Duração
2h19min
Gênero
Melodrama tropical
Roteiro
Karim Aïnouz, Murilo Hauser eInés Bortagaray.
Adaptação do livro A vida invisível de Eurídice Gusmão (Martha Batalha).
Produtoras
RT Features, Pola Pandora, Sony Pictures, Canal Brasil e Naymar.
Distribuição
Sony/Vitrine Filmes
Elenco
Carol Duarte, Julia Stockler, Fernanda Montenegro, Gregório Duvivier, António Fonseca, Flávia Gusmão, Cristina Pereira, Gillray Coutinho, Bárbara Santos, Marcio Vito, Nikolas Antunes, Maria Manoella, Hugo Cruz, Pablo Pêgas, Thales Miranda, Maria Carolina Basílio, Eduardo Tornaghi, Flávio Bauraqui, Cláudio Gabriel.
Público
117.222
Renda
2.010.086,00
Salas no lançamento
65
Festival de Cannes, Mostra Um Certo Olhar, 2019 França – Grand Prix Un Certain Regard; Munich Film Festival, 2019, Alemanha CineCoPro Award; 34th Mar del Plata Film Festival, 2019, Argentina Prêmio do Público de Melhor Longa-metragem na Competição Internacional; Festival Biarritz, 2019, França Prêmio do Júri e o Prêmio da Crítica Francesa; Jerusalem Film Festival, 2019, Israel New Zealand International Film Festival, 2019, Nova Zelandia; Sydney Film Festival, 2019, Australia Melbourne Film festival, 2019, Australia; Karlovy Vary International Film Festival, 2019, República Checa; Transatlantyk Film Festival, 2019, Polônia; Festival de Cine de Lima, 2019, Peru Prêmios do Público de Melhor Filme, do júri de Melhor Fotografia e Menção Honrosa da APRECI; Festival Internacional de Cinema de Toronto, 2019, Canadá; Habana Film Festival, 2019, Cuba Melhor Direção de Arte; Festival International Du Film D’Histoire, 2019, França Prêmios do Juri Profissional e Estudantil de Melhor Filme; International Cinematographers’ Manaki Brothers Film Festival, 2019, Macedônia – Prêmio Golden Camera 300 para Hélène Louvart; Denver International Film Festival, 2019, EUA Krzysztof Kieslowski Award – Menção Honrosa; Vienna International Film Festival, 2019, Áustria; Mill Valley, 2019, São Francisco, EUA; Aspen Film Festival, 2019, Colorado, EUA; BFI London Film Festival, 2019, Inglaterra; 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, 2019, Brasil; Valladolid International Film Festival, 2019, Espanha Melhor Atriz (Julia Stockler e Carol Duarte), Prêmio FIPRESCI e Prêmio Silver Spike de Melhor Filme e Prêmio Sociograh de maior impacto no público; National Board of Review, 2019, EUA Top Five Foreign Language Films; International Film Festival of Panama (IFF Panama), 2020, Panamá Prêmio do Público de Melhor Filme; FEST International Film Festival, 2020, Belgrado, Sérvia Melhor Filme; Film Independent Spirit Awards, 2020, EUA; Palm Springs International Film Festival, 2020, EUA; The Platino Awards for Iberoamerican Cinema, 2020, Espanha Melhor Atriz (Carol Duarte); Prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, 2020, Brasil Melhor Atriz (Carol Duarte); Prêmio Guarani 2020 Direção de Arte, Melhor Atriz Coadjuvante (Fernanda Montenegro), Melhor Atriz Estreante (Julia Stockler), Melhor Figurino, Melhor Fotografia e Melhor Roteiro Adaptado.
Mídia
PRODUÇÃO
Processo criativo e campo do sintoma
o melodrama tropical no cinema de Karim Aïnouz
Sandra Fischer
Universidade Tuiuti do Paraná
Aline Vaz
Universidade Tuiuti do Paraná
O estudo dedica-se a identificar e analisar, a partir de ações criativas que envolvem a realização de A vida invisível (Karim Aïnouz; Brasil, 2019), as linhas que se entrelaçam entre o cinema de autor (alinhado à dimensão da arte e/ou do experimentalismo) e o cinema de gênero (que tende a estabelecer imediata conexão com o grande público). A metodologia utilizada transita por entre a análise fílmica e as ditas ‘teorias de cineastas’ (Penafria, M. et alii., 2015). Considera-se que as estratégias utilizadas na construção do filme em pauta viabilizam o alcance a um público amplo ao mesmo tempo em que potencializam elementos da ordem do sensível como experiência política – assim desconstruindo barreiras e possibilitando elos comunicacionais entre a criação artística, o popular e a ação social.