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Bacurau

Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles; 2019

No sertão brasileiro, Bacurau perde dona Carmelita, uma moradora respeitada por todos. Logo, estranhos episódios começam a acontecer, e Lunga é chamado para ajudar os conterrâneos.

Após protestos no Festival de Cannes, na época do lançamento do filme Aquarius (2016), mesmo com reconhecido sucesso em festivais e premiações internacionais, além do reconhecimento da crítica americana, o filme de Kleber Mendonça Filho não seria indicado à seleção de filmes brasileiros para concorrer ao Oscar. Em protesto e apoio ao filme e sua equipe, diretores brasileiros como Anna Muylaert com o filme daquele ano Mãe só há uma e Gabriel Mascaro com o então recém-lançado Boi Neon retiraram suas obras da seleção. Outra tensão que se deu, após o manifesto em Cannes, foi o longa ter recebido uma censura polêmica do Ministério da Justiça. Proibido para menores de 18 anos, a equipe discordou, alegando não haver motivos para tal. A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC (exonerada após afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República), Ivana Bentes, declarou apoio aos integrantes do filme Aquarius pelo Facebook. “E o Oscar vai para os cineastas que estão insurgindo contra a perseguição política do governo interino. O tiro da secretaria do Audiovisual e do Ministério da (In) Justiça está saindo pela culatra. Os produtores do cinema brasileiro estão corajosamente retirando seus filmes em protesto contra a retaliação do governo golpista, que primeiro nomeou para a comissão um jornalista que acha 'vergonhoso' o protesto político contra o governo em Cannes, e segundo, restringiu a classificação de Aquarius a 18 anos numa tentativa de diminuir sua visibilidade e circulação”, completou Ivana. (BRASIL DE FATO, 2016). Em 2018 o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), denunciou no Congresso Nacional a perseguição política do governo Temer ao cineasta Kleber Mendonça Filho. O senador explicou que a pasta puniu o diretor pernambucano por uma suposta captação de recursos irregular feita para o filme O Som ao Redor, ainda em 2009. Kleber já havia deixado a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) no ano passado, onde trabalhava há mais de uma década, após “mesquinhez política do então ministro da Educação Mendonça Filho”. “Mendonça havia aberto uma verdadeira caçada aos funcionários da Fundaj que se opuseram ao golpe contra Dilma. Agora, é a vez do MinC, que está cobrando a devolução de uma verba que a própria pasta autorizou e que foi captada para um dos mais premiados filmes da produção cultural do diretor pernambucano”, afirmou Humberto. (FOLHAPE, 2018). Com Bacurau, Kleber Mendonça Filho participou do Festival de Cannes concorrendo ao Palma de Ouro, entretanto, ficou de fora da escolha do filme brasileiro selecionado para tentar uma vaga na categoria Melhor Filme Internacional do Oscar em 2019. Muito se falou que houve um boicote do órgão do Governo Federal por interferência de Jair Bolsonaro. Em 2021, ao integrar o júri no Festival de Cannes, o diretor brasileiro e Spike Lee, presidente do júri daquele ano, protagonizaram a coletiva de imprensa manifestando-se contra o governo Bolsonaro. Kleber Mendonça Filho afirmou que cerca de 350 mil vidas poderiam ter sido salvas durante a pandemia do Novo Coronavírus, além de denunciar o desmonte da Cinemateca Brasileira. Em apoio ao diretor brasileiro, Spike Lee foi contundente em sua crítica ao afirmar que estávamos sendo governados por gângsteres, sem moral e sem escrúpulos.

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Data de lançamento

29/08/2019

Duração

2h11min

Gênero

Western brasileiro

Direção e roteiro

Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

Produtoras

Cinemascópio, SBS (FR), Globo Filmes, Telecine, Canal Brasil, ARTE, Globo Filmes, Símio Filmes, Telecine, Canal Brasil

Distribuição

Vitrine Filmes

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Elenco

Bárbara Colen; Thomas Aquino; Silvero Pereira; Thardelly Lima; Rubens Santos; Wilson Rabelo; Carlos Francisco; Luciana Souza; Karine Teles; Antonio Saboia; Sônia Braga; Udo Kier; Buda Lira; Clebia Sousa; Danny Barbosa; Edilson Silva; Eduarda Samara; Fabiola Liper; Ingrid Trigueiro; Jamila Facury; Black Jr.; Márcio Fecher; Rodger Rogério; Suzy Lopes; Uirá dos Reis; Val Junior; Valmir do Côco; Zoraide Coleto; Jonny Mars; Alli Willow; James Turpin; Julia Marie Peterson; Brian Townes; Charles Hodges; Chris Doubek; Lia de Itamaracá.

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Público

735.191

Renda

11.284.729,00

Salas no lançamento

247

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Festival de Cannes, Competição Oficial, 2019, França - Prêmio do Juri; Munich Film Festival, 2019, Alemanha - ARRI/OSRAM Award; Festival de Cine de Lima, 2019, Peru - Melhor Direção, Melhor Filme e Prêmio da Crítica; Key West Film Festival 2019, Flórida, EUA - Prêmio do Juri de Melhor Filme Estrangeiro; Montréal Festival of New Cinema 2019, Canadá - Temps Ø People’s Choice Award; Sydney Film Festival, 2019, Australia; New Zealand International Film Festival, 2019, Nova Zelandia; Melbourne Film festival, 2019, Australia; BFI London Film Festival, 2019, Inglaterra; Festival de Nova York NYFF 2019, EUA; Vienna International Film Festival, 2019, Áustria; 19º New Horizons IFF, 2019, Polônia; Prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, 2020, Brasil - Melhor Melhor Filme e Melhor Diretor.

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Mídia

PRODUÇÃO

Distopia, Utopia, Catarse

o cinema sintomático de Kleber Mendonça Filho

Sandra Fischer

Universidade Tuiuti do Paraná

Aline Vaz

Universidade Tuiuti do Paraná

O texto trata do cinema distópico, que tem lugar no Brasil dos últimos anos, como propositor de questões concernentes ao cenário sociopolítico que se instalou no país. Com base principalmente em preceitos advindos advindos de trabalhos que se dedicam às ditas ‘teorias de cineastas’ (PENAFRIA, M. et alii. Teoria dos cineastas: uma abordagem para a teoria do cinema, 2015), e em estudos de Alexandre Astruc (2012), Frantz Fannon (2002), e Ismail Xavier (2020), o enfoque principal recai sobre o filme Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, cujo universo fictício sintomaticamente distópico estimula no espectador, potencialmente, uma vivência catártica capaz de levantar reflexões acerca da experiência estética como uma experiência política e de resistência.

 

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